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Hábito pouco saudável dobra risco de derrame

Rodrigo Craveiro
da Equipe do Correio


Bebida em excesso, sedentarismo, pouco ou nenhum consumo de frutas e vegetais, tabagismo.

Todos esses fatores combinados são um prato cheio para o derrame. Já era do senso comum que uma vida pouco regrada está sujeita a ser relativamente curta, em comparação com os adeptos de hábitos saudáveis. Pela primeira vez, os cientistas quantificaram os riscos de acidente vascular cerebral (AVC) — a doença atinge cerca de 168 mil brasileiros a cada ano; 30 mil acabam morrendo.

“O que fizemos foi procurar examinar a relação entre os estilos de vida e a ocorrência de derrame em 20.040 adultos (8.967 homens e 11.073 mulheres) entre 40 e 79 anos”, explicou ao Correio o birmanês Phyo Myint, professor de medicina do derrame e do envelhecimento da University of East Anglia e principal autor da pesquisa publicada pela revista científica British Medical Journal.

Entre 1993 e 1997, todos os voluntários responderam ao questionário sobre saúde e hábitos. Os pesquisadores também usaram o nível de vitamina C no sangue como indicador de uma alimentação rica em verduras e frutas. De 1997 a 2008, foram registrados 599 episódios de derrame entre o grupo analisado (2,3% de casos).

O questionário voltou então a ser aplicado por Phyo. Na análise das respostas, eles atribuíram uma escala de pontuações que varia de zero a quatro (veja o quadro). Quanto mais pontos o voluntário fizesse, menores seriam as chances de ele sofrer um AVC. “Nós usamos um sistema de gradação de comportamento saudável”, revelou o cientista.

Para evitarem contaminação dos resultados, Phyo e seus colegas levaram em conta idade, sexo, índice de massa corporal, pressão sanguínea sistólica, concentração de colesterol, histórico familiares de diabetes, uso de aspirina e classe social. Ficaram surpresos com a conclusão do estudo. “Depois de controlarmos esses outros fatores de risco em potencial, constatamos que as pessoas que marcaram zero ponto tiveram 2,3 vezes mais chances de ter um derrame, em comparação com os pacientes que fizeram quatro pontos”, revelou. Em resumo, uma vida pouco saudável dobra a possibilidade de a pessoa sofrer um AVC. “A combinação de comportamentos saudáveis adicionou um impacto em potencial (na prevenção do derrame) e, ao observamos a população, vimos diferenças substanciais no risco de AVC associadas a mudanças relativamente modestas de comportamento.”

TESTE A SUA SAÚDE
Sistema adotado por Phyo Myint varia de zero (maior risco de AVC) a quatro (risco menor)

Tabagismo
Se você não é fumante, marque 1 ponto.

Sedentarismo
Marque um ponto se você tem uma ocupação sedentária, mas gasta pelo menos meia hora de seu dia com atividades de lazer, como ciclismo ou natação; ou se você tem uma profissão não-sedentária com ou sem tempo para o lazer.

Ingestão de álcool

O consumo de menos de 14 unidades de álcool por semana equivale a 1 ponto. Uma unidade é o mesmo que 8g de álcool — o que equivale a uma taça de vinho, um pequeno copo de conhaque, uma única dose de aguardente ou meia caneca de chope

Consumo de frutas e verduras

O consumo diário de cinco porções ou mais, como indicado pela concentração de vitamina C no sangue, vale 1 ponto.

De acordo com os dados quantificados por Phyo, apenas 19,2% (1.721) dos homens e 29,7% (3.288) das mulheres obtiveram quatro pontos na escala utilizada — o que revela baixo risco de derrame. As pessoas que marcaram dois pontos têm 1,58 vezes mais chances de ter o AVC, em relação aos que fizeram quatro pontos.

Por sua vez, os voluntários que registraram um ponto tiveram uma probabilidade 2,18 vezes maior. Apesar de reconhecer que seu estudo não examinou a causa da ligação entre o perigo de derrame e os comportamentos humanos, o cientista birmanês afirmou que o estilo de vida pode surtir efeito em fatores de risco AVC, como o aumento da pressão sanguínea. “É provável o envolvimento de componentes biológicos adicionais nessa doença.”

Phyo Myint acredita que a mensagem- chave do estudo é de que o derrame é passível de ser prevenido. “Junto às evidências substanciais sobre os comportamentos modificáveis e o risco de derrame, a pesquisa pode encorajar mais pessoas a fazerem mudanças viáveis, rumo a comportamentos de saúde mais positivos”, comentou.


Fonte: Correio Braziliense - 21 Fev 09

Edição e grifos: CORCE on line - 22 Fev 09|1230

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